É com três golpes de espada que formam a letra «Z» e com uma boa dose de aventura e romance que a história original do lendário justiceiro mascarado, Zorro, defensor dos oprimidos e campeão da justiça na antiga Califórnia, regressa em formato livro a Portugal.
Em parceria com os editores Rich Harvey e Audrey Parente, da editora americana Bold Venture Press, e a Zorro Productions, detentora dos direitos do personagem, a Intelectual Editora tem a honra de apresentar «O Sinal do Zorro», primeira edição portuguesa em formato livro da história original do justiceiro espadachim, criado em 1919 pelo escritor e jornalista norte-americano Johnston McCulley.
A história, originalmente intitulada «A Maldição de Capistrano», foi editada em formato folhetim, dividida em cinco partes, com a primeira parte publicada no dia 9 de agosto de 1919, na revista All Story Weekly.
A premissa é simples e baseada no conceito de herói romanesco e popular. No início do século XIX, o jovem fidalgo Don Diego Vega assume a identidade secreta de Zorro para defender o povo da tirania dos soldados espanhóis que dominam as colónias da Coroa Espanhola na região da Califórnia. O justiceiro mascarado enfrenta os homens do sargento Gonzales e cruza a sua espada com o pérfido capitão Ramón na disputa pelo coração da bela Lolita Pulido. «O Sinal do Zorro» é um clássico da literatura pulp que deu origem a um dos heróis mais famosos de todos os tempos.
Um projeto ambicioso da Intelectual Editora em parceria com os detentores dos direitos do personagem e com a editora americana Bold Venture Press, ilustrado por Sora Almasy, uma talentosa artista internacional.
O SINAL DO ZORRO (INTELECTUAL EDITORA)
SORA ALMASY | Zorro ® & Zorro Productions, INC. Todos os direitos reservados.
UM HERÓI CENTENÁRIO: ZORRO EM PORTUGAL
Em Portugal, até à data desta edição, a obra de Johnston McCulley foi apenas editada duas vezes e em formato de folhetim. A primeira em 1949, na revista Diabrete, e a segunda, em 1964 na revista juvenil Zorro.
Curiosamente, não foi através da literatura que Zorro foi apresentado ao público português mas sim pela cinematografia.
A primeira adaptação de Zorro ao cinema foi realizada em 1920, intitulada «O Sinal do Zorro» e protagonizada por um dos astros do cinema da época — o ator Douglas Fairbanks. O filme foi um êxito mundial e não só catapultou ainda mais a fama do ator como também fez de Zorro um dos heróis mais queridos e favoritos do público em geral.
A primeira adaptação de Zorro ao cinema teve de facto grande impacto em Portugal. O público adulto mostrou considerável interesse e tanto os adolescentes como as crianças vibraram com este novo herói.
O interesse no personagem proliferou. Em 1925, Fairbanks decidiu interpretar novamente Zorro na sequela «Don Q, Filho de Zorro», na época também conhecido (em França e Portugal) como «Don X, Filho de Zorro».
O SINAL DO ZORRO (1920)
Zorro ® & Zorro Productions, INC. Todos os direitos reservados.
Em 1940, foi realizado o remake do original, com Tyrone Power, Linda Darnell e Basil Rathbone nos principais papéis.
Considerada por muitos como a melhor adaptação ao cinema, «O Sinal do Zorro», realizado por Rouben Mamoulian, é, de facto, uma obra cinematográfica notável no seu género e os portugueses da década de 40 aprovaram esta nova e sofisticada versão. O filme estreou em Portugal no dia 5 de fevereiro de 1941 e foi destaque na edição do dia 3 de fevereiro da revista cinematográfica Animatógrafo, cujo diretor era o realizador português António Lopes Ribeiro.
«Encontram-se sempre bons assuntos «novos» nos bons assuntos «velhos», mina inesgotável de êxitos sucessivos e renováveis. Esta afirmação pode ilustrar-se bem expressivamente com a série de novas versões dos grandes filmes de Douglas Fairbanks que está a enriquecer extraordinariamente a atual temporada: «As Aventuras de Robin dos Bosques» acaba de obter um êxito monumental, «O Ladrão de Bagdad» será estreado em breve, e a nova versão de «O Sinal do Zorro» — o maior triunfo do inesquecível Doug — de que se anuncia a estreia para esta semana, vai conquistar, tão certo como dois e dois serem quatro, um êxito esmagador. (…) É que sabemos como Tyrone Power compôs o tipo romanesco do Zorro — o de filho-família tímido e indolente, e o do espadachim audacioso e aventureiro (…)»
A.M (1941, 3 de fevereiro). Nova versão dum grande êxito: «O Sinal do Zorro». Animatógrafo.
O SINAL DO ZORRO (1940)
Zorro ® & Zorro Productions, INC. Todos os direitos reservados.
O filme arrecadou uma nova geração de fãs e reavivou o interesse na história literária, até então ignorada em Portugal. Em 1949, a popular revista Diabrete publicou finalmente, em formato folhetim, o original de Johnston McCulley. Zorro surgiu triunfante na capa do número 597 com ilustrações impressionantes de Fernando Bento.
O vingador mascarado vinculou a sua posição como herói infantojuvenil e romanesco, junto de icónicos personagens do mesmo género literário, tais como d’Artagnan e os Três Mosqueteiros, Robin dos Bosques, e dos personagens do autor Emílio Salgari, os «salgarianos» Sandokan e Corsário Negro, que, em particular, gozavam de uma popularidade estonteante nos leitores juvenis portugueses na década de 50.
WALT DISNEY'S ZORRO (1957)
Zorro ® & Zorro Productions, INC. Todos os direitos reservados.
Da grande tela, Zorro saltou para o pequeno ecrã e as gerações seguintes viram o Zorro adaptado à televisão por Walt Disney, na que se ia tornar na versão mais popular do personagem.
«Zorro» de Walt Disney conquistou por completo os baby-boomers americanos e tornou-se um estonteante êxito na Argentina (ainda hoje é transmitida na televisão!). O sucesso da série também se propagou pela europa, com especial destaque para Espanha, França e Itália.
A partir do final dos anos 70, Zorro começou a fazer parte do imaginário português, não só como herói de aventuras mas também muito conotado com o Carnaval, passando a ser um disfarce «quase obrigatório» e fácil de usar para qualquer criança participar na tradição carnavalesca. As mães e as avós pintavam nas caras dos seus filhos e netos um elegante bigode desenhado, depois punha-se o chapéu, quase sempre com a letra «Z» no centro, e por fim a mascarilha, praticamente igual para todos. Foi nesse contexto que Zorro marcou, de forma mais pertinente, a sua presença em Portugal. E em cada mês de fevereiro, uma avalanche de «pequenos» Zorros invadia as escolas, os infantários e as ruas das cidades portuguesas para festejar o Carnaval.
Já nos anos 90, uma nova série televisiva resgatou fãs do clássico da Walt Disney e apresentou o personagem a uma nova geração. Em Portugal, foram transmitidas as duas primeiras temporadas. Pouco tempo depois uma nova animação japonesa, produzida pela produtora italiana Mondo TV, conquistou o público infantojuvenil português e o Zorro voltou a fazer parte do imaginário infantil. A dobragem portuguesa contribuiu bastante para o sucesso e grande parte da geração dos finais de 80 e 90 recordam com carinho esta versão. Até hoje, uma das mais populares em Portugal.
O ano de 1998 marcou o regresso de Zorro ao grande ecrã, com a superprodução «A Máscara de Zorro», com Antonio Banderas, Anthony Hopkins e Catherine Zeta-Jones. Realizado por Martin Campbel e produzido por Steven Spielberg, o filme foi um êxito mundial. Por cá, esta nova versão do justiceiro mascarado estreou em outubro de 1998 e foi muito bem recebido, tanto pelo público como pela crítica.
«A estratégia de multiplicar os Zorros por dois é excelente porque arranca o herói à sua origem aristocrática e devolve-o às massas: é um filho de pobres, regenerado, que se torna o paladino dos pobres e dá a estocada final no coração da mais romântica e cativante das amadoras da esgrima. Apanhado entre o garbo e o pundonor, a identificação do espectador é total.»
CABRITA, António. (1998, 24 de outubro). Espadas e corações: O pasodoble e o tinir das espadas voltam a emocionar as plateias. Expresso.
A MÁSCARA DE ZORRO (1998)
Zorro ® & Zorro Productions, INC. Todos os direitos reservados.
Para além do livro do filme, adaptado ao público juvenil por Frank Lauria, foi também lançado um videojogo para o famoso Gameboy Color.
Depois deste sucesso, que ainda se prolongou por mais alguns anos, Zorro regressou ao cinema em 2005, com a muito esperada sequela do filme de 98. «A Lenda de Zorro» reuniu mais uma vez Antonio Banderas e Catherine Zeta Jones numa nova e empolgante aventura realizada por Martin Campbell e produzida por Steven Spielberg. Sobre as motivações da realização desta sequela, Antonio Banderas afirmou em entrevista que:
«A aposta de Steven Spielberg, que é a alma deste projeto, era fazer um filme de aventuras como os dos anos 40, utilizando muito pouco os computadores»
Foi também nessse ano publicado um novo livro sobre o personagem: «Zorro: O Começo da lenda», da autoria da escritora Isabel Allende, que explora a história da origem do herói mascarado.
Desde o blockbuster de 1998 (que marcou a geração do final dos anos 90) com Antonio Banderas e Catherine Zeta-Jones, ao desenho animado que passava na televisão, até às versões mais antigas com o inesquecível Tyrone Power e o clássico do cinema mudo com o lendário Douglas Fairbanks, passando também pela pedagogia de Duncan Regehr e Henry Darrow no princípio dos anos 90, até à inesquecível versão de Walt Disney com Guy Williams… o Zorro será sempre o herói romanesco intemporal, defensor dos oprimidos e campeão da justiça. E agora, pela primeira vez em formato livro, o herói regressa a Portugal na sua primeira e emociante aventura!
Zorro faz parte da imaginação de todas as gerações. A sua aparência mudou com o passar dos anos, é certo, mas o seu nobre propósito continua o mesmo. É o símbolo da coragem, da ousadia, da luta pela justiça social — é um símbolo que, sem dúvida nenhuma, podemos afirmar que continuará a lutar pelo que está certo por muitas mais gerações!
Francisco Silva, editor
Zorro ® & Zorro Productions, INC. Todos os direitos reservados. Publicado com permissão da Zorro Productions.